top of page

Seu Tempo


O tempo é uma invenção humana. Nossos ancestrais viam a alternância em dia/noite, fases da lua, períodos mais frios e mais quentes. Perceberam uma repetição. Resolveram, cada um a seu modo, nomear esses períodos. Sempre gostamos de dar nome as coisas. Foi ganhando significado: cedo, tarde, jovem, velho.

Fomos evoluindo e incorporando conceitos cada vez mais técnicos. Inventamos segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, décadas. Fomos até além do nosso próprio tempo com os séculos e milênios. Isso nos ajudou a melhorar outro tema que admiramos, a história, que pôde ser referenciada além de contada.

Hoje convivemos com essas definições como parte de nossas vidas. Alguns usam o tempo para definir a própria vida. O cotidiano do ser humano moderno virou uma corrida atrás de tempo, com a sensação sufocante de termos cada vez menos desse suposto recurso. O irônico é que o avanço da sociedade e da sua tecnologia deveria proporcionar mais horas livres. Sobram horas no seu dia?

O volume de informações crescente, através da conectividade, nos tornou reféns de tudo aquilo que “devemos” fazer antes que nosso tempo acabe. Criamos uma necessidade de conhecer cada vez mais novos lugares e sabores, como se isso fosse a verdadeira felicidade no ato de viver. Uma busca do externo que rouba o tempo do interno.

Virou comum experimentar e compartilhar. No início poderia ser dias depois, hoje há um senso de urgência que leva ao agora distorcido. A foto do que vamos comer vai para uma rede de relacionamento ANTES de comermos.



Os defensores desse novo costume argumentam que se comerem ‘estragam’ o momento. O sabor vira coadjuvante e com ele todos os outros sentidos e sentimentos. Precisamos mostrar antes de sentir, seja uma bela paisagem ou um beijo.

A intenção desse texto visa fazer pensar. O que é o tempo para você? Como você ‘gasta’ o seu tempo?

Muitos de nós fazemos realmente isso: gastamos o nosso tempo. Às vezes chegamos a jogá-lo fora. Buscamos formas de ‘matar o tempo’, quando na verdade é ele que nos mata. Quem já não se pegou desejando ardentemente que o tempo passasse mais rápido? Seja devido a uma dor ou algo mais banal como uma simples monotonia. A armadilha do "chegue logo sexta-feira" trás a sensação de que só realmente vivemos nos finais de semana.

A maioria conhece a expressão “tempo é dinheiro”, mas poucos conhecem seu real significado. Desde épocas remotas o artesão tinha a noção de que o tempo gasto ao fabricar algo com suas próprias mãos valia uma quantia financeira.

Com a institucionalização do processo industrial essa noção ficou mais exata. Atualmente cada fábrica sabe exatamente o custo de cada minuto perdido e isso faz parte dos seus relatórios diários de produtividade. Então eis a origem do significado: perder tempo virou sinônimo de perder dinheiro. Demorar cinco minutos a mais para fabricar um produto significa fabricar menos produtos no final do dia.

Então este conceito é em parte correto, mas reduz o real valor dessa medida que criamos para a vida. Esta variável é muito mais valiosa do que qualquer benefício financeiro. O homem mais poderoso ou mais rico da terra não consegue voltar um segundo para trás. Tempo é mais valioso do que dinheiro, pelo simples fato de que com o tempo se pode adquirir dinheiro, mas dinheiro não consegue comprar mais tempo.


Nascemos supostamente ricos desse ativo tão valioso, por isso ser mais comum os jovens gastarem com tanto descuido esse tesouro. Mas o que justifica continuarmos fazendo escolhas erradas mesmo mais maduros? Será uma falta de percepção coletiva que não melhora mesmo com a idade?

Já citei em outro artigo a real importância do conhecimento. Nele acredito ter a solução para a quebra desse padrão de gastar tempo, para a criação do conceito de investir seu tempo. Ele proporciona o entendimento necessário para fugir das armadilhas dos atuais sofismas sociais. Entender a si mesmo e aquilo que o rodeia é o caminho para descobrir formas mais sensatas de uso disso que chamamos tempo.

Investir parte do seu tempo em conhecimento pode proporcionar formas de melhorar o aproveitamento do mesmo. Uma reflexão íntima costuma levar à compreensão do seus reais objetivos de vida, aquilo que mais lhe importa conquistar e manter. Esse simples ato pode revolucionar sua visão, criando possibilidades de atingir ou entender que já atingiu grandes objetivos. Quanto tempo você investe em entender melhor o que te faz bem?


Conseguir perceber as diferenças do fútil e do útil, definindo prioridades que preencham ao invés de criar novos vazios, pode mudar a forma como você lida com o seu tempo; tornando possível planejá-lo e distribuí-lo de modo a extinguir a sensação de falta dele.

Evite desperdiçar seu tempo. Não o mate, mesmo durante as horas mais chatas. Durante a espera leia, escreva, medite! Se for difícil busque aprender como ficar mais fácil. Caso ainda esteja longe desse resultado, que seja: jogue algo no celular. Mas que seja algo que acrescente e não diminua seu tempo, que proporcione aprender algo novo ou ao menos um desafio intelectual que treine seu cérebro. Indico, como bom investimento, todo ato que leve à reflexão e busca por conhecimento para poder aproveitar esse bem tão precioso que é o tempo!

Espero ter ajudado na sua busca. ;)

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page